Para 2011, previsão é de que 29 grandes centros comerciais sejam inaugurados no Brasil. Movimento é reflexo da capitalização das empresas, além da alta do crédito e da renda
Com os corredores climatizados cada vez mais cheios, a indústria de shopping centers aumenta a velocidade de sua expansão no Brasil ao sabor da maré mais favorável já vivida pelo setor. Após a inauguração de quatro grandes shoppings no primeiro semestre, outros 12 abrirão as portas até o fim do ano. Em 2011, serão pelo menos mais 29 shoppings,
totalizando 439 em todo o País. Atualmente, há 396 empreendimentos desse tipo.
A conta é da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que so considera empreendimentos com mais de 5 mil metros quadrados de área locável. Incluindo shoppings menores, a Associação Brasileira de
Lojistas de Shopping (Alshop) preve que o Pais fechara 2010 com mais de 750 centros em funcionamento e ganhara outros 200 ate 2015, ou seja, 40 por ano.
O principal impulso do movimento vem da explosão de consumo provocada pela alta do credito e da renda do brasileiro, que resistiu a crise e tem ajudado as vendas dos shoppings crescerem acima do comercio em geral.
Em 2009, o varejo cresceu 5,9%. Os shoppings tiveram alta nas vendas de 10% e faturamento de R$ 71 bilhões. Para 2010, a previsão é de alta de 12%. Não são apenas os consumidores que estão de bolso cheio.Outro fator que influencia o investimento em novos shoppings e a musculatura financeira que as administradoras de shoppings alcançaram no mercado de capitais.
Os principais grupos brasileiros abriram capital nos últimos anos e arrecadaram mais de R$ 4 bilhões na bolsa. “O crescimento atual e o dobro da media dos últimos cinco anos, o que mostra a pujança do setor”, diz Nabil Sahyoun, presidente da Alshop. “Depois que abriram capital,as empresas ficaram com caixa estocaram terrenos e estão com todas as condições para os investimentos.”
Só a Multiplan, uma das primeiras empresas do setor a ir a Bolsa, tem plano de investimentos de R$ 1,3 bilhão ate 2012 para erguer seis novos shoppings e ampliar dois de seu atual portfólio de 13. Boa parte do orçamento vem dos quase R$ 800 milhões gerados em 2009 pelo aumento de 25% para 36,9% do capital negociado embolsa. As ações já valorizaram mais de 30%. Com um caixa cheio e livre de dividas, a Multiplan ainda quer comprar. Na semana passada, investiu R$ 51,8 milhões para aumentar de 80,9% para 96,5% sua participação no Shopping Patio Savassi, de Belo Horizonte (MG), cujo controle adquiriu em 2007. Ao mesmo tempo, a empresa pagou R$ 4,2 milhões por terrenos no entorno do shopping para futuras expansões.
A BRMalls, que tem participações em 35 shoppings, iniciou o ano com R$1 bilhão em caixa para aquisicões. Na semana passada, ampliou a participação no MinasShopping, de Belo Horizonte. A empresa investe R$ 383,6 milhões na expansão de sete shoppings e participa de outros cinco projetos. O Grupo Iguatemi, que em março inaugurou um shopping em Brasília, tem cinco projetos, de R$ 790 milhões. A Aliansce fez em janeiro sua primeira oferta de ações. Captou R$ 450 milhões, elevando o capital social para R$ 916,3 milhões. Ate agora, as ações valorizaram quase 30%. A empresa abre este ano um shopping em Belo Horizonte e tem planos para outros em cidades como Belém (PA) e Maceió (AL).
Lei do inquilinato.
Além da capitalização das empresas, a industria de shoppings se beneficia do bom momento da construção civil – com construtoras interessadas em se associar aos empreendimentos –, e da nova lei do inquilinato, que da mais garantia a rentabilidade. Alem disso, os shoppings são cada vez mais vistos como opção de lazer e segurança. “É difícil definir as causas do sucesso. Acho que o conjunto e que faz esse circulo virtuoso. A verdade e que poucas vezes tivemos um momento tão extraordinário como este para a industria de shoppings”, observa Luiz Fernando Veiga, presidente da Abrasce. “Em três anos, entre 2009 e 2011, temos mais de 60 novos lançamentos no Brasil.”
Com a lei do inquilinato em vigor desde janeiro, os shoppings conseguem em quatro meses o despejo de lojistas inadimplentes. Antes, as ações levavam pelo menos um ano. Com a atratividade crescente do segmento,
Não faltam lojistas em busca dos espaços livres.
Segundo a Abrasce, a taxa de vacância caiu do patamar tradicional de 5% a 6% para 2% este ano. Com isso,o valor do aluguel subiu em media 7,5% só entre janeiro e maio. Veiga lembra que as vendas subiram 15,2% nesse período.
Luiz Fernando Veiga,
Presidente da Associação Brasileira de Shoppings
? Por que as vendas dos shoppings crescem mais do que as do varejo total?
Esse e um fenômeno que sempre acompanhou a nossa industria. Shopping é a maior novidade do mundo moderno em termos de varejo e a tendência e caminhar na direção do novo. Se olharmos a internet, porcentualmente e o meio que mais cresce em termos de vendas, porque e novidade. Os shoppings ainda são novidade. Sempre acontece esse fenômeno: toda vez que a economia está bombando, shopping vende mais do que o comercio de rua. Toda vez que a economia entra num aperto, shopping perde menos.
? A nova lei do inquilinato está influenciando os investimentos?
Não acompanhamos de perto, mas soube que já ha muitas ações na Justiça baseadas na nova lei. Em 1991, quando foi feita a primeira regulamentação para shoppings na lei de locações, houve um salto substancial. Foi
a nossa primeira curva violenta de crescimento. Não saberia dizer hoje qual e a influencia disso, mas e um fator a mais a favor. A lei puxa o preço para baixo. Com mais segurança, o locador pode fazer preços melhores e investir para colocar mais espaço no mercado.
? Há dificuldades para esse crescimento?
Estamos trabalhando na capacitação de profissionais para os novos empreendimentos. Já fizemos duas turmas de cursos intensivos de marketing para funcionários e temos uma pós graduação especifica para a administração de shoppings para atrair talentos para o setor. São funções especializadas, que precisam de gente competente. Administrar um shopping e quase como ser prefeito de uma pequena cidade.




